terça-feira, julho 24, 2012

Voltamos a estar juntos. Já não nos via-mos há algum tempo e isso acabou por me fazer bem, espero que também te tenha feito algum bem.

Algumas coisas mudaram entretanto, a etapa que já vinha a percorrer à quase 3 anos acabou. Consegui comprir com o que queria fazer e agora o futuro dirá se foi ou não uma aposta certa. Mas isso não importa para já, pelo menos.

Continuo a amar-te e espero que me ames também.

Fim de uma etapa, uma licenciatura completa e sem aldrabices como alguns menos ilustres senhores que por ai andam.

sexta-feira, março 16, 2012

Anathema - Are You There



Continuo a não ter perceber...

Amas-me um dia, no outro nada se passa, andas triste e isso poem-me ainda pior. Quero-te aqui, agora, já. Mas não vens, passas dias sem dizer uma palavra, telefono-te não me atendes, de repente telefonas-me tu e eu deveria pagar na mesma maneira mas não consigo.
Tudo o que me rodeia não me ajuda, não nos ajuda.... Se queres mexe-te, não vou... Vou , não mereces mas continuo a querer-te....

terça-feira, março 13, 2012

A darknees grows in me...

É tarde, sinto-me perdido na escuridão dos meus pensamentos.
Quero-te, desejo-te, fico louco sem te ter, refugio-me não no alcool, mas numa espiral que teima em se tornar eterna.
Estás aqui tão perto e eu continuo sem ti.
O que vai ser preciso para que estejas comigo.
....
...
..
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Não sei...
...

terça-feira, março 06, 2012

...

O amor é como o mal, nunca vem só. Costuma-se dizer que quando um não quer dois não fazem.
São frases feitas mas com o seu quê de verdade.

Mas o que fazer quando ambos o querem e não o conseguem admitir. Dizes-me "amo-te" mas depois não dizes nada e nem te lembras de nada???? Não percebo, até que se me amas, porque não o assumes e dizes mesmo que é o que sentes, Se queres saber, o que eu sinto por ti, é dificil de explicar, é Amor, sim, talvez, não, talvez não, eu próprio não o sei, mas...
Se me deito a pensar em ti e acordo a pensar em ti, o que é que sinto? E sempre que me vens à mente é sempre algo positivo.
Mas tenho de te dizer que não mereces o meu amor, se me amas, assume-o, não o escondas, mas eu tambem sou culpado, sim admito que o sou. Talvez deve-se dizer-to, mas não quero ser eu a dar o primeiro passo, porquê tenho de ser eu. Também não o faço porque não quero estar enganado, e ficar a perder. Cobardia talvez seja. mas às vezes perfiro estar só e ter-te como amiga a perder-te.

Não escrevo mais hoje, já estou a ficar demasiado alterado.

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

E o futuro? Português...

Oito meses depois da tomada de posse de um (des)governo os resultados são faceis de entender.

Mais impostos, mais recessão, mais desemprego, o custo de vida subiu, o combustivel também, o que era português passou a ser Chinês ou Arabe. Já se demonstra que mais uma vez nao é desta nem com estes que este país vai andar para a frente.

PEDEM-NOS PARA ACEITAR A AUSTERIDADE, FODA-SE, NÃO, JÁ CHEGA. .

Não a aceito, não a aceitei antes e não a aceitarem no futuro. Esses (pseudo) politicos todos tecnocratas tiram-nos mas continuam a auferir de um ordenado superior a cinco mil euros, e os portugueses vivem com 500, mas quem estes gajos pensam que são, Deuses??? Iluminados??? Sebasteanistas??? não. Não o são, não passam de lesmas que se aproveitam de tudo o que é português. Senão vejamos:
Re-privitazação do BPN, com ofertas superiores a cem milhões de euros venderam-no à oferta menos que era de quarenta milhões, expliquem essa, vamos lá.
EDP, venderam-na ao que oferecia a melhor oferta, mas colocaram lá uma amigo que se intitula o melhor gestor Português (não o é, o melhor é o da Loyds), mas é engraçado que o "gestor" é o mesmo que negociou com a troika a privitazação da empresa, agora pergunto-me se a EDP ficasse em mãos europeias se o mesmo "senhor" se teria emprego?? Mais fica a pergunta quem é ele para acumular a reforma com o futuro ordenado? aja paciência.
Vinte mil funcionários publicos foram mandados embora, agora não há que faça o seu trabalho.

Já agora e isto apareceu na SIC o que deixa-me já de pé a atrás, mas, segundo um programa do canal, o "ministro" Miguel Relves vendeu a angola o espólio da tobis (ou seja basicamente tudo o que foi filmado em Portugal incluindo imagens da guerra do ultramar), isto não pode e deve ser considerado traição????

Podia continuar, mas hoje fico-me por aqui.

Já agora, eu que não acredito em coincidencias, mas acho estranho que o "gestor" e o Novo??? dono do BPN tenham sido ministros do PSD no tempo do cavaco(esse senhor a quem dez mil euros não chegam para pagar as contas), tenho pena que estes e os que estiveram antes nao sejam todos investigados, mas investigados por entidades externas e com poder judicial, para os fazer pagar a todos.

Adriano Alves da Rocha

domingo, março 13, 2011

O dia depois - 12 de Março de 2011 - Manif pelo futuro dos Portugueses

Ontem foi um dia diferente.

Eu como milhares de outros jovens, estive na Avenida dos Aliados no Porto, para demontrar o meu apoio sentido à minha geração que neste momento se encontra sem futuro certo. Comigo estiveram presentes alguns amigos, colegas da faculdade, ex-camaradas de armas e outros, segundo os numeros oficiais eramos mais de 80 mil só no Porto, em Lisboa foram mais de 200 mill e em faro eram mais de 6 mil. oficialmente estiveram nas rua deste nosso Portugal mais de 300 mil portugueses, uns jovens de tenra idade e outros não tão jovens mais velhos, mas verdade seja dita estive-mos lá. fizemos ouvir a nossa voz.

Se isto irá representar uma mudança, não o sei dizer. Sei isso sim que desde há umas semanas para cá que se sente um cheiro/sentimento no ar que algo vai mudar. Não me acredito que seja um novo 25 de abril, mas este governo que gozou com os portugueses e o continua a fazer porque sabe que não há ou não havia alternativa a ele, vai cair. No passado dia 9 o presidente da republica ao tomar posse, tentou colar-se a esta manifestação, faltou ao cavaco lembrar-se que é graças a ele que existem recibos verdes, foi ele que lançou a primeira pedra para o actual estado de precriadade. Os que lhe seguiram apenas continuaram a fazer o mesmo lixo. Uns como o António Guterres (ex-primeiro ministro pelo PS) fugiu, a ele sucedeu-se um chamado Durão Barroso (ex-primeiro ministro pelo PSD) tambem fugiu quando as coisas começaram a ficar más, o Santana lopes (ex-primeiro ministro PSD) foi despedido, e o Socrates? Bem esse por falta de alternativa consegui-se manter no lugar até á data. Tenho infelizmente de reconhecer que nem tudo o que fez foi mal feito, mas a verdade é o numero de más acções de sua parte em muito superam o numero de boas acções.
Mas voltando ao cerne da questão, quando era pequeno diziam-me que tinha de estudar senão ia para trolha, mas a verdade é que hoje em dia não adianta estudar, não há empresas, não há empregos. nem para trolha consegue alguem hoje ir.

Soluções ainda as há:
O fim dos recibos verdes
O fim das empresas de empregos temporários (as Zons, Sonaes, pt e outras, que passem a contratar e efectivar os seus empregados)
A promoção de produtos industriais nacionais a UMM com os seus jipes é um bom exemplo
A regionalização que iria criar os empregos que são direccionados todos para lisboa seriam necessários nas novas regiões administrativas, permitir que os impostos gerados pelas regiões fiquem nessas mesmas regiões
A justa distribuição dos fundos europeus
A investigação de todos os elementos politicos que estiveram no poder na assembleia da republica.
A redução do numero de juntas de freguesia e de camaras municipais (especialmente nos grandes centros urbanos)
A redução do numero de deputados na assembleia da republica
O fim das mordomias adquiridas por esses mesmos membros (casa, motorista, seguranças, viatura, staff) que não são necessários
O fim do staff adjudicados aos antigos presidentes e elementos de governo
O fim das nomeações directas de assistentes e sim a abertura de concursos para esses mesmos cargos
O fim dos ordenados milionários para os gestores de empresas publicas
O fim das nomeações para gestores de empresas publicas de ex-politicos com assento parlementar especialmente quando estes não tem qualificações para essas funções
O fim do rendimento minimo, a formação profissional dos beneficiários desse mesmo rendimento
A subida do ordenado minimo nacional para um valor nunca inferior a 600 euros mensais.
Uma justa e eficaz fiscalização das empresas publicas e privadas indepentemente do sector
O fim do empresário que hoje abre falencia e amanhã e-lhe concedido fundos monetários para abrir uma nova empresa
A fiscalização e cobrança de impostos às intituições bancárias incluindo a Caixa Geral de Depositos e o Banco de portugal
Tornar em vigor a lei do pós 25 de abril em que um administrador de uma empresa publica só podia auferir de um ordenado e meio de um ministro.
O fim do pagamente de prémios apenas às administrações das empresas (são os trabalhadores que com o seu trabalho que devem receber os prémios)
A baixa de impostos, e o fim da acomulação dos mesmos.
A baixa do preço dos combustiveis, da electricidade, água e outros serviços, as empresas que gerem esses recursos apesar da crise continuam a presentar lucros exorbitantes.
O fim da especulação dos preços dos produtos de primeira necessidade. O caso do açucar na época de natal foi disso um exemplo.
A proibição da partilha de dados dos cidadãos Portugueses para outros paises como os Estados Unidos
O fim da entrada de mais lojas chinesas em portugal, 5000 lojas e mais de 1000 restaurantes já chegam.
O fim de atribuição de casas do estados a elementos que não são portugueses (ciganos, sul americanos, africanos e cidadãos de leste) e a sua expulsão se for esse o caso
O fim das cotas de imigração atribuidas.
Permitir a quem esteja no fundo de desemprego, mas a estudar no ensino superior a dispensa de apresentação e de procura de emprego se demonstrar aproveitamento académico.
O ensino até ao 12º ano (inclusive) orbigatório e gratuito, com obrigação dos alunos demontrarem que realmente aprenderam.
O serviço nacional de saude completamente gratuito, e o fim das parcerias publico privadas que até ao momento só deram prejuizo.
A criação de escolas verdadeiramente profissionais onde os mais velhos e os que não se adaptarem ao ensino normal possam completar os seus estudos e obterem uma "arte" ou profissionalização com a qual possam subsistir sem apoio do estado.
A reforma para todos os portugueses homens e mulheres aos 65 anos. 60 anos para militares, policias e veteranos do ultramar.
A criação de um quando permanente para praças no exército e na força aérea à semelhança da marinha.
Uma verdadeira profissionalização dos militares portugueses. e a manutenção a 100% das brigadas operacionais actuais (efectiovo e equipamento), a redução e eliminação dos quarteis nos grandes centros urbanos e a criação de um campo militar á semelhança do campo militar de Santa Margaria para a brigada de intervenção rápida (a unica sem um campo militar).
A dotação de meios financeiros, logisticos e de efectivos para que as diversas policias possam actuar.


Poderia colocar mais exemplos do que fazer, mas estes já eram um bom começo.
Adriano Rocha

segunda-feira, janeiro 10, 2011

José Mário Branco - FMI





Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial, trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de 79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não é muito actual. Eu vou-vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura, sem ter modificado nada, por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam ser já não muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto.
Chama-se FMI.
Quer dizer: Fundo Monetário Internacional.
Não sei porque é que se riem, é uma organização democrática dos países todos, que se reúnem, como as pessoas, em torno de uma mesa para discutir os seus assuntos, e no fim tomar as decisões que interessam a todos...
É o internacionalismo monetário!





FMI

Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three

FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, 'terneio' Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.