Perde-se nos tempos o povoamento do território a que corresponde hoje a cidade do Porto. São alguns os vestígios pré-históricos da presença do Homem paleolítico no espaço da cidade. Mas é com o foral do bispo francês D. Hugo que nasce a cidade do Porto, antes mesmo do país a quem vem a atribuir o nome. Desde logo a cidade do Porto cresceu em população e dinâmica económica e social, procurando afirmar-se, contribuindo para a construção do país em vários momentos da sua história.
Na verdade, Portugal não poderá olvidar a colaboração do povo portuense em importantes desígnios nacionais. A construção em Lordelo do Ouro da armada que conquistou Ceuta em 1415 – dando assim início à expansão portuguesa – foi um dos pontos altos do contributo do povo portuense para com Portugal. Terá radicado neste momento histórico o epíteto “TRIPEIROS” de que todos os portuenses se deverão orgulhar, uma vez que o Infante D. Henrique terá recebido do Mestre Vaz, encarregado da construção das embarcações que rumariam a Ceuta, a promessa de que voltariam a repetir o que tinham feito trinta anos atrás aquando da guerra com Castela, ou seja, doar a carne da cidade para abastecer os barcos, sendo que o povo do Porto consumiria apenas as tripas.
O século XIX fica indelevelmente marcado na história da cidade do Porto por mais uma demonstração de carácter do seu povo. Apesar de ver a sua cidade invadida e saqueada, o povo do Porto resistiu e rechaçou a invasão francesa. Entre 1832 e 1833 os portuenses voltaram a resistir estoicamente ao cerco da cidade pelas tropas absolutistas de D. Miguel. O Porto tornou-se assim, ao longo da sua história, uma cidade emblemática na luta e defesa da liberdade e promoção do valor do trabalho.
Durante a sua história, e não obstante e diversidade social dos seus habitantes – fidalgos, mercadores, burgueses, entidades religiosas, o povo – o povo do Porto manteve, nas palavras de João Chagas, particularidades emblemáticas como a sua sobriedade e solidariedade, ou ainda, no dizer de Torga, uma saudável consciência gregária e solidez de processos de conduta. O zeloso amor à liberdade é também destacado por Cortesão.
No final do século XIX e início do século XX surge na cidade o futebol. O Futebol Clube do Porto, assume o nome da cidade e acaba por se tornar um dos seus importantes baluartes. Juntamente com o vinho que recebeu também o nome da cidade, este clube tem hoje uma função simbólica primordial na afirmação do prestígio do Porto além fronteiras, concorrendo para a sua afirmação identitária.
Com efeito, e a partir da data da sua fundação, a histórica do Futebol Clube do Porto sempre esteve umbilicalmente ligada à cidade que lhe deu o nome. Na verdade, são vários os lugares da cidade e do seu espaço urbano e social que se constituíram lugares simbólicos do clube. Desde as diversas sedes do clube em várias ruas da cidade, ao Oporto Criket onde se disputaram os primeiros jogos do clube, ao campo da Rainha, da Constituição e, mais recentemente, o estádio das Antas e do Dragão. A Praça da Liberdade e Praça General Humberto Delgado, assim como a Avenida dos Aliados, a estação de S. Bento e a Praça Almeida Garret, sempre foram também os palcos dos festejos dos sucessos do clube.
A simbiose entre a cidade do Porto e o seu clube mais representativo foram portanto um dos mais importantes elementos da afirmação de uma identidade portuense que fez da abnegação e da luta pela vitória um dos pilares do seu crescimento. Porque, como proclamou em belas palavras Pedro Homem de Melo, “Não há derrotas quando é firme o passo.” Por isso, “Ninguém fale em perder! Ninguém recua…
“São sempre Heróis!
E, azul e branca, essa bandeira avança…
Azul, branca, indomável, imortal.
Como não pôr no Porto uma esperança
Se daqui houve nome Portugal?”